terça-feira, 1 de setembro de 2009

Chi kung part.4



Para as escolas tradicionais chinesas o kung-fu é apenas um, como já foi dito antes que na China não existem linhas de pensamentos que diferem da tradição, embora muitos pensem que os estilos praticados tenham aplicações diferentes devemos considerar que todas as pessoas têm dois braços e duas pernas, possuem meridianos, centros nervosos e mais de três mil pontos de acupuntura espalhados pelo corpo, desta forma as técnicas de combate são desenvolvidas para vencer os oponentes golpeando-os nos pontos mais vulneráveis. Estilos como o da garça e o da serpente priorizam ataques curtos e rápidos em pontos como garganta, nariz, olhos, virilhas, costelas, enquanto se defende de ataques retilíneos e circulares, suas principais ferramentas são as pontas dos dedos, os nós dos dedos, dorso das mãos, facas das mãos, cotovelos, pontas dos pés, facas dos pés, bola dos pés, calcanhares e joelhos.



O estilo wing chun foi criado a partir de técnicas da garça e da serpente, porém não utilizam movimentos de animais exceto sua postura básica de treinamento que imita as pernas de uma garça, como este estilo foi criado por uma mulher (monja Ng Mui) valoriza a sensibilidade de mãos e braços para interceptar tentativas de ataques que geralmente ocorrem com foco na linha central do corpo, para desenvolver tal sensibilidade treina-se uma técnica chamada chi sao cuja finalidade é harmonizar os cinco elementos mais a energia do oponente para que ela possa ser utilizada contra ele mesmo, sua postura é muito firme porque concentra a energia do primeiro dan tien nos pés e ao longo da coluna vertebral que deve se manter ereta durante toda a pratica do katis, fazendo isso o praticante de wing chun tem estabilidade suficiente para se defender de ataques de qualquer ângulo estando centrado e sem intenção. O tipo de chi kung utilizado durante a pratica deste estilo possibilita a perfeita sincronia entre técnicas duras e suaves, este pensamento é manifesto quando os mestre dizem aos seus alunos para utilizar as energias yin e yang, mas esta filosofia esta também presente em todos os outros estilos que equilibram as forças internas e externas.
As escolas modernas desconsideram totalmente o trabalho feito com essas energias, para eles a única coisa que interessa é a luta, treinam socos e chutes com o máximo possível de força física, realizam trabalho de musculação com levantamentos de pesos e outros treinamentos que tem por finalidade estressar o praticante, isso ocorre em todas as escolas que deixaram à tradição para trás, não estou falando especificamente das escolas wing chun, mas de outras como o karate, o tae kwon do, o jiu jitsu, o moai tai, kick box, vale tudo e san shou, porque se tornaram escolas esportivas.
Os estilos tradicionais chineses, japoneses e coreanos não possuem o foco voltado apenas para lutas, trazem consigo a preocupação com a saúde física, mental e espiritual, tais escolas apresentam um caminho de vida e são muito semelhantes entre si embora os movimentos físicos sejam diferentes, quem gosta do prazer da luta e de saborear a emoção de uma vitória deve procurar um estilo não tradicional, mas quem se preocupa com aspectos filosóficos profundos deve buscar estilos com uma tradição consolidada que irão satisfazer aos seus interesses, tais pessoas não se importam com medalhas, troféus, e honrarias, são chamados praticantes de alma.

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